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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Deficiência Escolar e o Trabalho Infantil

Deficiência Escolar e o Trabalho Infantil

Nesse bojo dos questionamentos nada é tão cercada por equívocos e co-responsável pela fuga do aluno para o mundo do trabalho infantil como a escola, que se perpetua como um traço cultural autoritário e antieducativo, fruto claro do modelo pedagogico aplicado na prática docente. Começa pela abordagem errônea de avaliação e pela falta de métodos motivacionais, determinando de forma brusca e impositiva a capacidade cognitiva de ação educativa, haja vista, que analisa o fim do processo educador em detrimento a realidade do aluno em todo o contexto social-escolar.

A escola ignora a vida social do aluno e como este interage com o mundo externo: família, amigos e trabalho etc. No entanto, quando buscam analisar e identificar as razões do não aprendizado, o único elemento destacado é o “aluno”. O fato é, só os alunos são culpados, porque estes, são diretamente punidos pela reprovação, à medida que lhes inferem toda responsabilidade, como que não tivessem inteligência e força de vontade.

“Não adianta construir e reformar prédios, dotá-las de todos os recursos tecnológicos, se seu líder, o professor está desmotivado e despreparado, com uma prática pedagógica obsoleta, perpetuada, não por garantias jurídicas educacionais, mas porque ele mesmo não busca alternativas ao sistema e seu devido preparo para o ato de educar. (Novoa, 1992, p. 9)”.

“Não é por sadismo que a escola tradicional exige silêncio e imobilidade, que faz colocar o aluno em filas e que concebe tanta importância ao aprendizado das regras. É porque se apóia numa pedagogia de disciplina, de antinatureza. É, mais profundamente ainda, porque considera a natureza da criança vazia e corrompida. (Bernard Charlot, 1986)”

Apesar da didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do prêmio e do castigo como fatores motivacionais para o aprendizado significativo, ainda se lança como fator generalizante da ameaça de reprovação como recurso pedagógico. Esse postulado e hábito revelam a suprema ignorância dos fundamentos da arte de educar, à escola, por tudo o que vemos, compete apenas a reprodução das informações e se o aluno não for bom copilador cabe a escola reprová-lo. A reprovação é uma ameaça que impulsiona a motivação para que o aluno estude, mas possui efeito contrario, gerando evasão e impulsionando ainda mais a entrada dessas crianças no mundo do trabalho. Deste feita, o nosso sistema educacional esconde a verdadeira motivação, que deve estar no próprio estudo, na forma de trabalhar as competências e conteúdos, a fim de que se torne o processo de aprendizagem prazeroso e desejado pelo aluno.

A escola desvinculada da realidade social complexa e plural, dificulta a explicação e compreensão das condições de vida e, contribui para manter o aluno numa posição passiva, de não sujeito no concerto das relações em sociedade (Fundação, 1996)

Na afirmação acima fica claro que sem uma estrutura educacional viável que insira o mínimo de conhecimento para a prática cidadã, estamos contribuindo para a derrocada da justiça e da co-responsabilidade social na perspectiva da produção do bem estar, haja vista, que por omissão estaremos fadados à violência e acentuação das desigualdades, sobretudo, o trabalho infantil.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) afirma em seu Art. 2º que: “a Educação é inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana e, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação profissional para o trabalho”. No entanto, o que se vislumbra a despeito do caráter libertário da educação são modelos pedagógicos e práticas reprodutoras e disseminadoras de futuros cidadãos fracassados.

“As deficiências educacionais determinam escassez de mão-de-obra qualificada e salários aviltados ou escassez de emprego para os despreparados... com isso, o trabalho infantil tira das escolas 3,8 milhões de menores de 14 anos em todo o país (PNAD, 1995)”.

Primeiro por estabelecer-se como intelectualmente aquém das capacidades do saber, haja vista que na conjuntura atual se espera desenvoltura e qualificação para o trabalho e para as novas tecnologias do advento capitalista globalizante.

Em segundo plano, essas futuras crianças e adolescente, enquanto entes sociais formaram uma grande massa de analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever, mas não sabem pensar, tornando-se um peso para a construção de uma sociedade igualitária. Serão pessoas de fácil manipulação e coação pelos mais fortes dentro do sistema e suas diversas nuances e, ainda viverão aquém das condições necessárias a sobrevivência, pois, seu despreparo para a vida do trabalho insidira na renda familiar. Como menciona Port Royal, “o diabo ataca crianças e elas não o combatem por não ter forcas nas ações”.

De acordo com estimativas do IBGE relativas a 2003, cerca de 50% (cinqüenta por cento) dos alunos das escolas públicas desertam em condições de semi-analfabetismo ou de analfabetismo funcional, e em sua maioria vão trabalhar por se sentir marginalizado na própria escola, lugar que deveria proporcionar prazer.

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