Por Alexandre Virginio
O termo deriva do latim violentia (que por sua vez o amplo, é qualquer comportamento ou conjunto de deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente, ação corrupta, impaciente e baseada na ira, que não convence ou busca convencer o outro, simplesmente o agride.
Nos tempos modernos, nunca se viu tamanha banalização da ação da violência entre os jovens. Nunca se viu tanto transtornos sociais provenientes da ação devastadora da violência. É um distúrbio que perpassam às concepções de doença psicológica. É uma falta de esperança, de norte, de sentido, de identidade que aflora dos nossos jovens como um pedido de socorro.
Hoje temos crido que a educação e os projetos de ressocialização, com a escola aberta, é uma alternativa de acolher e trazer uma conscientização, uma diagnose e uma reflexão sobre o gênesis deste mal, e buscar caminhos que redefina e reoriente para uma vida de paz.
No dizer de Freire (1987, p 16): Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que a sua generosidade continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça. A ordem social injusta é a fonte geradora permanente, desta generosidade que nutre da morte, do desalento e da miséria.
Neste sentido, a própria a escola, como elemento, da falsa generosidade, e como instituição de poder, através de sua pedagogia, enraíza diferenças e separação entre escola e comunidade. Assim torna-se ferramenta também de opressão porque não comunga sonhos de liberdade.
Freire (1987) continua dizendo que o oprimido se reconhece na realidade opressora, mas não esta consciente de sua força de superação. Os nossos jovens se reconhecem na violência social, mas esta serve como forma de ressignificação de sua existência, de auto-afirmação e de deboche ao sistema.
O mesmo sistema que o excluiu é vitimizado pela vitima, ou seja, a violência é institucional e cíclica como resultado da exclusão que a escola gerencia junto ao caráter econômico e social.
Ianni (1997) diz que: A produção de idéias, de representações, da consciência está, de inicio, diretamente entrelaçada com a atividade material e com o intercâmbio material dos homens, com a linguagem da vida real...essa necessidade deve ser atendida cotidianamente para que o homem possa viver.
Ora, se a escola não atende as necessidades materiais do jovem é na rua, e na realidade bruta da força contra os outros que ele vai atender suas necessidade. Tomando aquilo que não lhe pertence para sobreviver materialmente. A violência não emerge como sendo apenas uma atividade de prazer pelo simples prazer. Ela se apresenta como um sintoma da exclusão que a escola fomenta. Se a educação é responsável pela adequação do homem ao mundo como equalizadora das diferenças sociais, ela não está fazendo sua lição corretamente, pois na rua e com valores distorcidos a sobrevivência através da violência é mais visível para os jovens.
Entende Libâneo (2006, p 07) que mesmo com todo esse mal que as atuais transformações econômicas incidem sobre a escola, ela se faz necessária à democratização da sociedade e como postuladora de equidade entre os entes sociais. O que se faz preciso é uma reavaliação do seu papel enquanto responsabilidade junto a comunidade e reformule a sua proposta pedagógica, que é também uma premicia de afastamento dos jovens.
A primeira grande expressão da violência se estabelece na própria comunidade, no universo social do jovem que como por constrangimento de concepcional da sua realidade, nega-se ou toma uma atitude de negação aos meios. Isso é desconstrução da identidade, é o caminho contrário, que leva ao desrespeito ao seu próprio patrimônio cultural e social, e a degradação do seu espaço, que leva a depedração e destruição daquilo que representa símbolos de poder opressor.
A verdade é que a escola cria um logos cultural e social que difere do que esses jovens acreditam. Por mais que pareça irônico, alem de não falar a sua língua não expressa a sua realidade. E ainda, paradoxalmente não vê na escola uma forma de se libertar dos signos da opressão. No mais, estabelece tal instituição limites que sufocam os seus anseios. Eles não se reconhecem naquilo que a escola ensina.
Libâneo (2006, p 25) salienta ainda que essa desconstrução da identidade, que se apresenta como negação se dá pela ineficiência da escola em formar pessoas que agregue o desejo de participação social, baseados em interesses comunitários, de bairro, de grupo, de associação civil, de entidades próximas a realidade. Ora, quando o local passa a ser esfera da casa, o jovem ver que sua atitude é construtora. Menciona ainda o autor, o caráter ético da escola em construir valores e atitudes mais diretos a sua realidade: falar sobre sexo, drogas, transito, comportamento, afinidades, defeitos , virtudes, predação ambiental, violência, exploração etc. Esse discurso desperta o aluno para a realidade de sua existência e dá sentido a sua vida.
Bourdieu e Passeron classificariam esta a atitude da escola frente à construção social que coloca o aluno nesta situação de invisibilidade como violência simbólica já que ela não é explicita, mas comunga e forja anomalias no psicológico do indivíduos. A violência simbólica não se caracteriza por ato de espancar, roubar ou matar, prisão, coação ou força. Ela se projeta na vida do individuo como representação cultural e doutrinaria à medida que os levam a agir e pensar de uma determinada maneira como imposição. Não há consciência do que se esta fazendo, os jovens agem sem limites como que por instinto, sobrevivência, natureza. A educação recebida agiu de forma ao condicionamento de suas atitudes.
A violência nasce desta incapacidade de atrair, seduzir e manter ativo e vivo o aluno no ambiente de aprendizagem. São os valores determinados na educação que leva o aluno a entender a importância da vida e do respeito ao outro. A aprendizagem significativa, que preza pela solidariedade humana e pela conscientização político social que faz o aluno refletir sobre o seu próprio eu e seu lugar no espaço social. É a afirmação de uma educação libertadora que leva a construção de uma identidade de paz.
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