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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL (James P. Lenfestey)


"Ele tinha onze anos e, cada oportunidade que surgia, ia pescar, numa ilha que ficava no meio de um lago.

A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pescar apenas peixes cuja captura estava autorizada.

O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago.

Quando a cana vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha.

O pai olhava com admiração, enquanto o rapaz habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém a sua pesca só era permitida dentro da temporada.

O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e para frente. O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Eram dez da noite, faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada.

Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:

- Tem que devolvê-lo, filho!

- Mas, pai, reclamou o menino.

- Vai aparecer outro, insistiu o pai.

- Não tão grande como este, choramingou a criança.

O menino olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza na sua voz, que a decisão era inegociável.

Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura.

O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu.

E, naquele momento, o menino teve certeza de que jamais veria um peixe tão grande quanto aquele.

Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o rapaz é uma pessoa bem sucedida na vida, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais.

Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe repetidamente todas as vezes que depara com uma questão ética. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo e errado.

Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.

A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando.

Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o PEIXE À ÁGUA.

A história valoriza não como se consegue ludibriar as regras, mas como, dentro delas, é possível fazer a coisa certa.

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